Por: Herman Marjan / Colaboração
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| Ilustração |
Quem
nunca ouviu um NÃO? Tal advérbio de negação é muito útil e seu uso não deve ser
censurado: crianças e adolescentes devem ouvir o NÃO muitas vezes, para que
aprendam a ter limites; alguns adultos devem até aprender a dizê-lo, para que
outras pessoas não se aproveitem de uma generosidade excessiva. Nas repartições
públicas, o NÃO pode e deve ser usado em diversas ocasiões: quando alguém
oferece propina a um servidor ou quando é o servidor que pede a propina; quando
um superior emite uma ordem manifestamente ilegal a um subalterno; quando não é
possível atender a demanda de alguém.
Só que dizer NÃO virou procedimento
padrão para muitos servidores públicos: não há vaga para o atendimento; não é
comigo ou não é neste setor; não é possível resolver este problema. Quando tais
negativas são verdadeiras, não há problema algum; contudo, grande parte delas é
fruto do comodismo, da falta de profissionalismo, até da falta de preparo de
alguns funcionários que atendem o público.
Quantas vezes, após um NÃO, você “armou um barraco” e/ou
foi falar com alguém de posição hierárquica superior e conseguiu a vaga até
então “inexistente”? Quantas vezes você peregrinou por várias repartições e
acabou voltando à primeira, pois o lugar certo era lá mesmo?!?! Quantas vezes
você registrou uma reclamação numa Ouvidoria ou num outro canal de atendimento
ao público e o problema antes “insolúvel” acabou sendo resolvido?
Se você está no grupo acima, que conseguiu transformar um
“NÃO” em SIM, mesmo que com muito trabalho, pode-se dizer que o dano causado
não foi tão grande. Infelizmente, talvez devido à timidez e/ou à falta de
conhecimento, muita gente ouve o “NÃO” e volta para casa. Com isso, deixa de receber
o atendimento de que necessitava (podendo agravar seu quadro, quando se trata
de doença); deixa de ter seu direito respeitado, podendo sofrer danos materiais
e/ou morais.
Bem, o uso abusivo do NÃO é um problema que ocorre em
vários lugares, mas irei ater-me a Santana do Mundaú... mais especificamente,
às repartições ligadas à Saúde pública. E vou começar com um caso ocorrido
hoje: minha filha, que tem 4 aninhos, começou, no último dia 23, a fazer uma
psicoterapia, e ficou acertado que tal atendimento ocorreria todas as
sextas-feiras, no turno matutino. Hoje (30/03/2012) é sexta-feira, não é
feriado e a psicóloga estava atendendo; pela lógica, não havia nada que
impedisse o atendimento à minha filha, que estava ansiosa para sua segunda
consulta (momento importante, pois vai aumentar o vínculo de confiança com a
profissional, aumentando a chance de sucesso na terapia).
Minha esposa chegou com nossa filha às 8h20 no consultório,
mas foi informada pela pessoa que estava entregando as fichas de que “NÃO”
havia mais vagas, pois SETE fichas já haviam sido entregues. Na semana
anterior, minha filha estava com a ficha CINCO, e foi a última a ser atendida:
os demais pacientes não precisavam de ficha e iam fazer acupuntura (a mesma
profissional acumula as funções de psicóloga e acupunturista). Algo estava
matematicamente errado! Como não havia vaga?!?!
A “explicação” dada foi de que uma das psicólogas que
atenderia hoje tinha faltado, alguns pacientes eram do sítio e, para que não
perdessem a viagem, seriam atendidos pela psicóloga que estava lá.
Infelizmente, você não leu errado: o acompanhamento psicológico, que é algo
muito pessoal, protegido por sigilo, foi “transferido”! Com a trapalhada, os
pacientes da psicóloga que lá estava seriam mandados para casa, por “falta” de
vagas e os pacientes da outra profissional perderiam a sequência de
atendimentos com esta.
Minha esposa esperou a primeira pessoa sair do consultório
para falar com a psicóloga, que ficou surpresa com a quantidade de pessoas que
tinham recebido fichas e, principalmente, com a “falta” de vagas para os
pacientes dela. Muito educada, disse que minha esposa levasse nossa filha às
11h20 que ela não ficaria sem atendimento. Resolvido? NÃO! Outras pessoas
voltaram para casa por causa do “NÃO”. Fui com minha esposa falar com a
secretária de Saúde, Silvana Gomes, para relatar o ocorrido e esta nos disse que ia
chamar a servidora para orientá-la corretamente, para que fatos semelhantes não
voltassem a ocorrer.
Falamos sobre a criação do perfil de Santana do Mundaú no
Facebook e dissemos que o fato lamentável ocorrido hoje seria publicado na
Internet, pois não é algo isolado e foi motivo de reclamação de outras pessoas
no grupo Mundauenses Conectados. Esta publicação é para que a Administração de
nosso Município tome ciência do que vem ocorrendo e para que outras pessoas
sigam o exemplo, e não voltem para casa sem o devido atendimento.
O direito à Saúde, garantido pela Constituição, não é
apenas para quem sabe argumentar, para quem arma escândalos e/ou para quem
procura pessoas mais influentes para conseguir a vaga que “NÃO” existia. A
Saúde é direito de TODOS e DEVER do Poder Público! Para ter acesso, basta ter
necessidade de atendimento! Espero que, a partir do canal de diálogo criado
pela Prefeitura e das reclamações dos mundauenses, o nosso povo seja tratado da
maneira adequada.

Realmente, isso é um problema que ocorre em todas as repartições públicas e em qualquer lugar do Brasil, infelizmente pagamos a maior carga tributária para que pudessemos usufruir dos serviços públicos de qualidade, mas o que vemos é isso aí que é retratado no texto (principalmente na saúde), pessoas acomodadas que preferem "jogar" a responsabilidade para outras pessoas, e muitas pessoas por falta de informação contentam-se com o "NÃO" e voltam caladas para casa.
ResponderExcluirIsso é uma vergonha para a Prefeitura de Santana do Mundaú-AL, infelizmente o Sistema Público de Saúde vive no caos e em Santana do Mundaú não é diferente. Os impostos são abusivos e o retorno é minimo por isso que existe tantas pessoas acusadas e condenadas por não pagar impostos, pois muitas das vezes pagamos várias vezes o imposto, pois vamos para um posto de saúde público e não somos atendidos e temos que pagar um atendimento particular.
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