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terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

As lembranças da Hidrelétrica Cachoeira da Escada de Santana do Mundaú

Eletricista recorda como funcionava a Pequena Central Hidrelétrica (PCH)

Foto antiga de Santana do Mundaú na inauguração da Hidrelétrica,
gestão do prefeito Augusto Cavalcanti (Foto: Acervo fotográfico de Ana Cavalcante)

O barulho da água parecia que a gente estava ouvindo ondas do mar”. O depoimento do eletricista aposentado Eduardo Firme, 63, não é exagero. A quantidade e a força das águas do Rio Mundaú já foram capazes de gerar energia por sete anos e atender à quase toda a cidade.

A Companhia Energética de Alagoas (CEAL) inaugurou em 1988 a Central Hidrelétrica Cachoeira da Escada entre a cidade de Santana do Mundaú e Correntes (PE), local onde marca a divisa territorial entre Alagoas e Pernambuco.

Registro da Cachoeira da Escada há 10 anos (Foto: Diário de Mundaú)

Eduardo lembra que a hidrelétrica só foi inaugurada após um mês de obra concluída: “Eu cheguei à Santana do Mundaú justamente por causa dessa hidrelétrica. Após passar por um curso de operador de hidrelétrica em Sete Lagoas, Minas Gerais, fui chamado para trabalhar aqui. Lembro que os técnicos da CEAL duvidavam e tinham receio de ligar a hidrelétrica e, numa quarta-feira, fui lá e coloquei pra funcionar. Foi então que marcaram o dia da inauguração”.
Eduardo foi operador de hidrelétrica

Os olhares curiosos dos moradores e a presença do governador Moacir Andrade e do presidente da Ceal, Alfredo Cortez, marcaram a inauguração da hidrelétrica. “A Pequena Central Hidrelétrica (PCH) abastecia 90% do município e ainda reforçava a energia em União dos Palmares. Eram 24 metros cúbicos de água por segundo, 50 metros de queda livre e 120 metros de extensão de água no reservatório”, calcula Eduardo.

A geração de energia, segundo ele, funcionou até 1995. A enchente de 1992 chegou a danificar parte da estrutura, mas voltou a funcionar. “Depois de um tempo não quiseram mais investir e abandonaram. O tempo deixou os equipamentos deteriorados e sem falar que até roubaram”, revela o eletricista aposentado. “Era uma coisa muito bonita, levada a sério, na época, mas que acabaram”, lamenta. “Acredito que se não fosse o abandono e o rio fosse preservado, hoje ela funcionaria”.

Estiagem de 2016/2017 secou o Rio Mundaú e mudou paisagem da Cachoeira da Escada


Para Valmir Pedrosa, pós-doutor em Engenharia e professor nos cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), o abandono da obra é um caminho sem volta. O baixo nível de água e a falta de estrutura são os motivos para não gerar mais energia. “É inviável reestruturar aquela PCH porque as condições atuais não favorecem: temos pouca água no rio e investir em uma obra de um retorno duvidoso não dá”, opina Pedrosa.

Oficialmente, pouco se sabe sobre o montante de recursos investidos na Pequena Central Hidrelétrica. A Prefeitura não tem arquivos. A Eletrobras, antiga Companhia Energética de Alagoas (Ceal), informou que não tem acesso às informações da Companhia e que a Companhia Hidrelétrica de São Francisco, Chefs, é a responsável por gerar energia. Questionada sobre a obra, a Chesf, por meio da assessoria de imprensa, respondeu que não tem conhecimento da hidrelétrica em Santana do Mundaú.

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Thiago Aquino / Projeto experimental de TCC (conteúdo completo aqui)
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