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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

População de Alagoas ainda espera voltar à vida normal após enchentes


Enchentes já aconteceram há três meses, e a população ainda espera a volta da vida como era antes de os rios subirem


Três meses se passaram desde que as cheias no Nordeste varreram cidades. Pouca coisa mudou na vida das vítimas durante esse tempo. Os rostos continuam incrédulos. Os alojamentos, sem condições mínimas de higiene. Parte dos recursos prometidos ainda dorme nas mãos dos governos estaduais e os lotes que a União ensaia comprar nunca custaram tão caro. Em meio ao caos, a campanha política emperrou a votação da medida provisória criada para reduzir a burocracia da liberação de dinheiro para socorrer esses municípios. Seu prazo de validade já foi prorrogado e, se o ritmo do Congresso continuar lento, a norma perderá a validade este ano sem se transformar em lei.

SANTANA DO MUNDAÚ

A população de Santana do Mundaú espera que os agentes públicos cumpram a promessa de construir novas habitações para os atingidos. Silvana Santiago reclama que o bebê de seis meses vive gripado por conta da água que entra pelos furos do plástico. “Disseram que vamos ficar aqui mais um ano. Mas como as barracas vão aguentar? Meu filho está doente e a culpa é disso aqui”, reclama.

A população se nega a ocupar as barracas de plástico. Alegam que trocar prédios públicos pelo improvisado alojamento poderia acomodar os agentes políticos, que tratariam o improviso como uma solução permanente. “Vou ficar nessa escola mesmo. Se a gente for para as barracas, as aulas podem voltar e os políticos vão esquecer de nós”, diz dona Josefa de Oliveira, 70 anos.

Os lotes onde a cidade deve ser reconstruída ainda serão comprados. Os vendedores são fazendeiros e políticos da região. Por conta do interesse do governo federal nas terras, o hectare da Fazenda Jussara, de propriedade da família do presidente da Assembléia Legislativa, era avaliado em R$ 8 mil em junho. Agora, está sendo negociado por cerca de R$ 30 mil.


RECURSOS


Segundo as contas das prefeituras, os cofres do governo estadual devem ter recebido cerca de R$ 275 milhões para reconstruir as cidades, além de R$ 26 milhões para investimentos na saúde. A burocracia na estrutura dos estados é mencionada como a principal causa para a demora no inicio das obras. Os projetos ainda estão em fase de elaboração e os solos onde serão erguidas as novas casas ainda passam por estudos. Uma lentidão que cada vez mais afasta das vítimas das enchentes a perspectiva de ganhar um novo lar.


POR: Correio Braziliense.
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