Graças a Deus é tempo de quaresma. Tempo forte, tempo santo, tempo de graça. Pois nos convida à conversão, à insistente mudança de vida.
A quaresma nos faz perceber a necessidade mais intensa que temos de rezar, de jejuar, de exercitar a prática da esmola. Faz-nos entender que é necessário fazer penitência, mortificando assim o nosso corpo, subjulgado a muitas e tantas paixões desordenadas infundidadas em nós pelo pecado, triste pecado que bagunça e desorganiza a nossa tímida, tímida vida.
Na quaresma o grande apelo que nos é feito é de tentar seguir os passos de Jesus. Olhar as suas dores, contemplar seu sofrimento, perceber as suas chagas, notar as tamanhas humilhações, observar o imenso amor de Deus por nós que se concretizou com a paixão de Jesus, Filho de Deus. Somos, na quaresma, por meio da celebração da Via-Sacra, caminho santo, caminho sagrado, convocados a caminhar com Jesus pelo doloroso e cruento caminho da cruz.
Nãs esqueçamos: a nossa vida é por demais parecida com a vida de Jesus. Em nada nos distanciamos da vida d´Ele. No caminho de Jesus encontramos inveja, ciúmes, traições por ganância. No nosso pobre caminho, não muito diferente do d´Ele, encontramos a dor, as diversas incompreensões, as marcas de falsidades e desolações, das mais distintas e variadas. Tudo isto vamos percebendo quando celebramos com fé e devotamente a Via-sacra.
Na Via-sacra recordamos, isto é, celebramos o caminho que Jesus percorreu até o monte calvário. Percurso, para alguns, maldito e infame, porém, para nós cristãos, permeado pelo amor de Deus por nós. Caminho das tantas desolações de Cristo, porém caminho de reconciliação e de cura: “Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas chagas fomos sarados” (Is. 53,5).
Celebrar a Via-sacra é reconhecer o grande dom, presente de Deus que Jesus é para nós, todos nós, filhos degredados de Eva. É reconhecer que Deus se triturou de amor por nós em um caminho de desolação: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e carregou as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca” (Is 53,4.7).
Na celebração da Via-sacra, momento de profunda oração cristã, recordamos a grandiosidade de Deus em insistir, em querer fazer comunhão conosco. Sim, na Via-sacra sentimos literalmente que Deus é apaixonado por nós, pois tanto sacrifício de Jesus, tanta dor tem um sentido único: Deus nos ama.
Ao celebrarmos, na Via-sacra, os mistérios da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo recordamos, rezando, sempre rezando, que o nosso intinerário cristão é marcado pelas quedas, semelhantes a de Jesus. É marcado pelas indiferenças e constantes humilhações, maus tratos e indigência.
Ao rezarmos a Via-sacra, caminho de reconciliação, chegamos à santa conclusão que em Cristo Jesus vencemos, somos vencedores. Que a nossa vida tem sentido, pois ela não é só paixão, mas marcada claramente pela presença, suave presença de Deus. Por isso, “nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos! Porque pela vossa santa cruz remistes o mundo!”
Por: Padre Valmir Galdino
É de grande valia para os cristãos este espaço através do sacerdote informa e orienta aos cristãos católicos.
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