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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Após tragédia, AL e PE começam a montar sistema de alerta contra enchentes

A meta do governo federal é ter um sistema de alerta contra cheias instalado até o período chuvoso de 2011, previsto para ter início em maio

A ANA (Agência Nacional das Águas), em parceria com os Estados, começou a instalar as primeiras estações de coleta de dados que vão monitorar o nível das bacias dos rios Mundaú e Paraíba. O sistema vai atender a dezenas de municípios de Alagoas e Pernambuco, banhados pelos rios e que em junho foram devastados pelas cheias. Até a tragédia que matou 47 pessoas, os dois Estados não possuíam nenhum tipo de alerta contra enchentes.

Ao todo serão instaladas nove plataformas de coleta de dados, que vão transmitir dados por meio de telemetria. Cinco delas já foram montadas. A previsão é que todas as estações sejam instaladas até janeiro de 2011, quando elas passarão a ser configuradas para informarem, com precisão, os níveis dos rios Mundaú, Paraíba e seus afluentes.

A meta do governo federal é ter um sistema de alerta contra cheias instalado até o período chuvoso de 2011, previsto para ter início em maio. O projeto de instalação está orçado em R$ 2 milhões e é bancado pela União.

Segundo o especialista em recursos hídricos da ANA, Maurren Ramos Vieira, com o sistema em funcionamento, a agência e as secretarias de Recursos Hídricos de Alagoas e Pernambuco vão receber dados do nível dos rios de hora em hora. “Esse tempo poderá ser reduzido, de acordo com a necessidade do momento”, explicou.

O especialista afirma que alguns dados históricos coletados nos últimos 30 anos em alguns trechos dos rios vão ajudar a configurar o sistema. “Nós vamos calibrar os equipamentos, a ponto de, segundo determinado índice pluviométrico na cabeceira dos rios, em Pernambuco, possamos saber o nível que o rio vai chegar às cidades de Alagoas, por exemplo. Isso tudo vai ser configurado, de acordo com dados históricos e coletados no momento, para que as estações interpretem os dados com precisão”, disse.

Para Vieira, o sistema de alerta de enchentes –que já é adotado em outros rios do país, a exemplo de afluentes do São Francisco– deve minimizar os prejuízos materiais e perdas humanas com as cheias. “Nós vamos capacitar equipes nos locais nas margens dos rios para que elas estejam prontas para atuar no momento em que for necessário. Como as enchentes são cíclicas, e elas vão voltar a acontecer, é importante que tenhamos pessoas preparadas e que saibam como agir”, informou.

Estação para monitorar enchentes já está montada às margens do rio Mundaú, em União dos Palmares (AL)
 
As enchentes

Segundo especialistas em climatologia, as enchentes em Alagoas e Pernambuco foram ocasionadas por conta do excesso de chuvas nas cabeceiras dos dois rios, que também causaram o aumento do nível de seus afluentes, a exemplo do rio Úna (que destruiu as cidades de Palmares, Água Preta e Barreiros, em Pernambuco).

Como não havia nenhum sistema de alerta e poucas cidades ribeirinhas possuíam defesa civil atuante em Alagoas e Pernambuco, muitos moradores só perceberam a gravidade do problema quando os rios já haviam atingidos níveis altíssimos. Dezenas de pessoas foram resgatadas pelo Corpo de Bombeiros em cima das telhas durante os dias 19 e 20 de junho, poucas horas após o início das cheias, na tarde do dia 18.

Em Pernambuco, os alagamentos atingiram 68 municípios, deixando 11 deles em estado de calamidade pública e 30 em situação de emergência. Ao todo 14.136 casas foram destruídas ou danificadas e 4.478 km de estradas foram afetados. Vinte pessoas morreram, 26.966 ficaram desabrigadas e 55.643 ficaram desalojadas.

Já em Alagoas as enchentes afetaram 29 municípios, deixando 15 deles em estado de calamidade pública e quatro em situação de emergência. Segundo a Defesa Civil Estadual, 27 pessoas morreram, 27.757 ficaram desabrigadas e 44.504, desalojadas, além de um total de 18.823 casas destruídas ou danificadas.

Fonte: UOL
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